Fernanda Hipólito – Presidente do Sindicato de Panificação do Município do Rio
Em toda a minha vida enfrentei desafios, e não foram poucos. Filha única de portugueses comerciantes, não me imaginava atrás de um balcão e tão logo tive que escolher: a única opção foi a de me tornar jornalista. Durante alguns anos, realizei sonhos trabalhando ao lado de profissionais verdadeiramente extraordinários. O destino, no entanto, me colocou diante do maior de todos os desafios: assumir a administração dos negócios da família após a morte do meu pai, Seu Joaquim, em 2007. Numa hora como esta a primeira pergunta é: e agora, o que fazer?
Os desafios não pararam por aí. Para uma mulher, no Brasil, tudo é mais difícil quando o assunto esbarra na desigualdade de gênero, presente em todos os segmentos, principalmente naqueles em que não se admitia, há alguns anos, a liderança feminina. Em 2014, o World Economic Forum apresentou uma pesquisa perturbadora: baseada em tendências atuais, teríamos que esperar 81 anos antes das mulheres atingirem a igualdade econômica no ambiente de trabalho. Meses depois, ainda em 2014, essa notícia ficou ainda pior – muito pior. De acordo com as últimas descobertas do Fórum, a estimativa passou a ser de 118 anos.
Felizmente alguns mentores têm encorajado outros líderes a abrir portas para que mulheres com potencial de liderança façam conexões e exercícios valiosos, além de também fazerem a diferença ao apoiarem e acreditarem nelas. É importante que os líderes de hoje contrariem sua tendência natural de procurar por pessoas que eles mais se sintam confortáveis, as quais, na maioria das vezes, são alguém como eles. Mentores também podem ajudar assegurando que seus gerentes estejam melhores informados sobre o maior alcance de membros femininos no time.
Em agosto de 2016, fomos todos surpreendidos com a morte repentina do Sr. Armando Vieira da Cruz, presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Município do Rio de Janeiro. Na qualidade de vice-presidente, eis que me deparo com um novo desafio: a responsabilidade de assumir a cadeira de um homem que mudou a história dos panificadores, participando com grande sabedoria e rompendo com todas as barreiras impostas ao nosso comércio. Por mais que quisesse, tudo que falasse ainda seria pouco para definir quem teve a coragem de apostar em mim e me tornar hoje uma das lideranças da categoria.
O legado deixado pelo Sr. Armando, um sindicato forte e reconhecidamente uma instituição referência da indústria do Rio de Janeiro, nos faz pensar que a continuidade do trabalho até então desempenhado por esta nova diretoria, recém-empossada, será uma grande vitória para todos nós e respeito ao presidente que ao longo de 13 anos fez história no Sindicato dos Panificadores e que antes de todo este tempo, ajudou a construir a sede do Rio Comprido.
Desde que cheguei ao sindicato em 2008, e nomeada pelo Sr. Armando como segunda secretária, venho desbravando o setor com o objetivo de buscar melhorias e crescimento através das ações sindicais. Desde então participei de inúmeros encontros, seminários, congressos no Brasil e no Exterior. Tal comprometimento me conduziu a vice-presidência na atual gestão e agora com a missão de ser a primeira presidente da história do Sindicato da Panificação. O desejo de acertar e a coragem de vencer mais este desafio será a minha prestação de contas a memória do nosso eterno presidente. Obrigada Sr. Armando. Receba aí no céu este meu agradecimento e reconhecimento. Palavra de presidente.